Dr. Hector Martinez Gomez, Instituto Materno Infantil, Bogotá. Março de 2019.
O método mãe-canguru pode ser conceituado como uma tecnologia humanizada de cuidados com o recém-nascido pré-termo e/ou de baixo peso.
O cuidado mãe-canguru foi idealizado na Colômbia, em 1979, pelos doutores Edgar R. Sanabria e Hector Martinez, como revolucionária forma de preservar a vida e humanizar a atenção ao recém-nascido precocemente.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) teve papel essencial como o primeiro avalista desta nova metodologia, divulgando-a para todo o mundo.
No Brasil, as primeiras instituições a aplicar esta nova tecnologia foram o Hospital Guilherme Álvaro em Santos (1992) e o Instituto Materno Infantil de Pernambuco (IMIP) (1994), em Recife.
Atualmente temos mais de 80 maternidades adotando este inovador paradigma de assistência perinatal.
Em 1997 o modelo de assistência mãe-canguru do IMIP foi reconhecido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) na premiação “Gestão Pública e Cidadania”, tendo repercussão nacional. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) reconheceu este trabalho como best practices, financiando a reforma e a ampliação das instalações do IMIP e se articulando com o Ministério da Saúde (MS) para que esta forma de cuidado fosse oficializada como modalidade assistencial do Sistema Único de Saúde (SUS).
Hace cuarenta años, en un hospital de maternidad en las afueras de Bogotá, la naturaleza se escuchó a través de los silbidos de una Unidad de Cuidados Intensivos llena de "almas apresuradas", esos bebés que nacen antes de que estén listos para abandonar a los cuerpos de sus madres.
Hace cuarenta años, la naturaleza podía ser escuchada en medio de todos esos aparatos tecnológicos, creados precisamente para tratar de reemplazar artificialmente a los cuerpos de las madres, su calor, el alimento que proporcionan. Pero con el tiempo, estos aparatos se "naturalizaron" como un destino para todos los bebés prematuros, a menudo un destino muy cruel para las almas apresuradas.
Algunos oídos atentos escucharon el sonido de la soledad de estos bebés y el tono profundo y continuo de la melancolía de las familias que se iban, sin creer en un futuro. Estos pocos oídos también midieron la distancia que separaba a esos dos sonidos.
El hecho es que estos pocos oídos escucharon más allá de los pitidos, de entre esos pitidos sin compás a su alrededor: había muchas, muchas otras notas. Luego se detuvieron para escribir lo que escucharon en una partitura llena de desobediencia a esas reglas que se habían naturalizado.
Poco a poco, se creó el espacio para los tonos de delicadeza, suavidad y cuidado. Sonaban suavemente, pero con tal armonía que pudieron confundir a los pitidos, superándolos en efecto.
Fue la distancia la responsable del ruido que escucharon algunos oídos. El cuerpo de la madre estaba, el cuerpo del bebé estaba, el cuerpo del padre estaba, el cuerpo de los abuelos y los hermanos estaban.
Era la distancia ...
Liberada de ella, la naturaleza se hizo oír en toda su sencillez y grandeza.
Esta sinfonía se escucha hoy al salvar la vida de las almas apresuradas.
Muchas gracias, algunos oídos.
Cristine Nogueira Nunes
Versión al español: Mónica Ventero (madre de cuatro; el último, prematuro)
Há quarenta anos, numa maternidade da periferia de Bogotá, a natureza conseguiu ser ouvida em meio aos apitos descompassados de uma Unidade de Terapia Intensiva cheinha de "almas apressadas" - aqueles bebês que nascem antes de estarem prontos para sair do corpo de suas mães.
Há quarenta anos a natureza conseguiu ser ouvida em meio a todos aqueles aparatos tecnológicos, criados justamente para tentar substituir artificialmente os corpos das mães, seu calor, a nutrição que proporcionam. Só que, com o tempo, aqueles aparatos se "naturalizaram" como único destino para todos os prematuros, muitas vezes um destino muito cruel para as almas apressadas.
Alguns ouvidos atentos escutaram o barulho da solidão daqueles bebês, e o tom grave e contínuo da melancolia das famílias que se iam, sem acreditar num futuro. Esses alguns ouvidos também mediram a distância que separava aqueles dois sons.
O fato é que esses alguns ouvidos escutaram além dos apitos descompassados, por dentre aqueles apitos, em volta deles: havia muitas, muitas outras notas lá. Pararam então para escrever o que ouviam em uma partitura cheia de desobediências àquelas regras que tinham se naturalizado.
Aos poucos foi-se abrindo espaço para os tons de delicadeza, de suavidade e cuidado. Eles soavam baixinho, mas com tal harmonia que conseguiam desconcertar os apitos descompassados, superando-os em efeito.
Era a distância a responsável por aquele barulhão que alguns ouvidos escutaram. O corpo da mãe havia, o corpo do bebê havia, o do pai havia, o dos avós e irmãos havia.
Era a distância ...
Livre dela, a natureza se fez ouvir, em toda a sua simplicidade e grandeza.
Essa sinfonia hoje se faz ouvir ao salvar as vidas das almas apressadas.
Muito, muito obrigada, alguns ouvidos.
Cristine Nogueira Nunes